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IV SEMINÁRIO CRIANÇA E NATUREZA: INFÂNCIAS E NATUREZAS

Texto por Lais Caccia


Para ampliar o diálogo sobre o cenário das variadas formas de interação com o ambiente natural , o programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, em parceria com o Sesc realizaram o “ IV Seminário Infâncias e Naturezas, um olhar para a diversidade social e ambiental”, dias 10 e 11 de junho, no Departamento Nacional do Sesc, no Rio de Janeiro. O encontro reuniu especialistas e educadores de todo o Brasil para instigar diálogos sobre a necessidade de maior interação das crianças com a natureza, além de temas como brincar, infância, importância da experiência, coletivo, saberes tradicionais, desigualdade social na infância, emparedamento da infância, segurança pública, corpo brincante, escolas inovadoras, era digital, importância das unidades de conservação, entre outros.

Nossas biólogas Lais Caccia, Larissa Orsolon e Isabella Oliveira marcaram presença e voltaram cheias de novidades e experiências que vamos compartilhar a seguir. Vale ressaltar que vamos trazer aqui algumas reflexões importantes, mas todo o conteúdo abordado foi, de fato, extremamente enriquecedor tanto nos âmbitos profissional, emocional, social e espiritual.

Renato Noguera, Professor de Filosofia do Departamento de Educação e Sociedade, do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Nana & Nilo - projeto idealizado pelo filósofo, professor e escritor Renato Noguera, protagonizam uma série de aventuras exaltando ludicidade e modos positivos de convivência. O autor cruza o Atlântico Negro a fim de mergulhar no universo cultural africano, que surge para o leitor iniciante através de narrativas das origens de brincadeiras hoje comuns entre as crianças. Nos convidou a olhar a infância segundo os povos Ubuntu e Teko Porã, pois os mesmos mantêm o que chamou de “estado de infância” durante toda a existência, deixando de automatizá-la no mundo adulto. Isso nos faz refletir sobre o mistério da vida, sobre não termos respostas e continuarmos nos perguntando o grande sentido dela. O que é isso, se não, ter a infância dentro de si?

Seguimos com Roque Antônio Soares Jr, o Roquinho, membro fundador da “Carretel” nos fez refletir sobre a importância do movimento corporal nessa permanência do estado de infância trazido por Renato anteriormente. Afirmou que qualquer brincadeira com movimento é capaz de desprogramar nosso pensamento cartesiano que constrói os muros em nosso cotidiano, portanto, a educação precisa estar tanto no corpo quanto na mente, uma vez que só aprendemos de fato algo, quando nosso corpo experiência e sabe desenvolver aquilo.


“folhas, flores, cascas, são brinquedos que estão prontos naturalmente, como sementes da Imburana ou Mogno que são jogadas da árvore e descem rodando como helicóptero, como cascas de frutos que são canoinhas perfeitas, como as do Pente de Macaco. A Natureza sempre nos ampara quando o desejo é Brincar.”

Por fim, a psicanalista Ilana Katz trouxe com certeza a fala mais comovente do evento, pois tratou das diferentes infâncias que temos em nosso país catalogadas pela gritante desigualdade social em territórios muito próximos. Ressaltou que crianças da mesma cidade não vivem a mesma cidade, pois estão imersas em realidades totalmente diferentes que englobam inclusive o acesso a natureza. Nos fez refletir sobre o emparedamento que separa essas infâncias, que pode ser visível ou invisível. E deixou uma frase que vale ressalta-la: “A segurança da criança de Ipanema não pode significar a morte dos pais da criança da favela.”

Foram muitos assuntos e reflexões interessantes que cabem discussões e complementações diversas, mas encerramos aqui com a provocação: Entre tantos muros, será que vamos conseguir ultrapassa-los para podermos nos olhar nos olhos e reacender a chama da nossa infância perdida?



Lais Caccia, Isabella Oliveira e Larissa Orsolon - equipe Bioterapia marca presença em seminário.


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